quarta-feira, 30 de novembro de 2016

STF analisa hoje o exercício profissional do Músico


Está na pauta de hoje do Supremo Tribunal Federal a apreciação de um processo de interesse para todos os músicos do Brasil.

Trata-se da Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) n° 183, impetrada pela Procuradoria Geral da República x Presidente da República e Congresso Nacional. O julgamento terá como relator o Ministro Teori Zavascki.

Segundo o site oficial do TSE, A ação questiona dispositivos da Lei n° 3.857/60, que regulamenta a profissão de músico. Sustenta a arguente, em síntese, que a Lei 3.857/60 criou a Ordem dos Músicos do Brasil - OMB e, dentre outras medidas, estabeleceu requisitos para o exercício da profissão de músico, instituindo o poder de polícia sobre a atividade artística. Contudo, tanto as restrições profissionais como o poder de polícia acima referidos são flagrantemente incompatíveis com a liberdade de expressão da atividade artística e com a liberdade profissional. Sustenta ainda que a existência de um órgão público controlando a atuação de artistas, com poder de lhes impor penalidades, é incompatível com a tutela da liberdade de expressão, e que as restrições à liberdade profissional somente seriam válidas em relação às “profissões que, de alguma forma, poderiam trazer perigo de dano à coletividade ou prejuízos diretos a direitos de terceiros, sem culpa das vítimas”, o que não ocorreria com a profissão de músico, uma vez que “se um profissional for um mau músico, nenhum dano significativo ele causará à sociedade”.

Em discussão: saber se estão presentes os pressupostos e requisitos de cabimento da ADPF e se os dispositivos impugnados foram recepcionados pela Constituição Federal de 1988.

No entendimento da OMB, a profissão do músico precisa ser regulamentada e cabe a esta autarquia federal zelar pelo cumprimento desta regulamentação, dando a si mesma o poder de polícia para agir contra possíveis "infratores". Na prática, segundo a OMB, o músico precisa ser certificado e manter em dia suas obrigações com a autarquia (dentre as quais o pagamento da anuidade), sob pena de ter seus instrumentos recolhidos quando pego em flagrante.

Então, o STF deve analisar hoje esse requerimento em comparação com a Constituição, observando especialmente a lei que defende a liberdade de expressão e manifestação artística.

Será que vai dar samba?

quarta-feira, 16 de novembro de 2016

100 Anos do Samba


Há cem anos atrás, portanto, em 1916, o carioca Ernesto Joaquim Maria dos Santos (1890-1974), sob o nome artístico Donga, registrou a música "Pelo Telefone", a primeira gravação de um samba. Por conta disso, considera-se aí a origem desse que muitos apontam como o mais autêntico gênero musical brasileiro.

Logo, estamos no ano do centenário do Samba. E isso merece uma postagem nossa, com certeza!



Raízes do Samba

A discussão sobre a autoria de "Pelo Telefone" é emblemática para destacar as raízes desse patrimônio nacional. Dunga a registrou como "sua" em 27 de novembro daquele 1916, mas logo depois admitiu a coautoria de Mauro de Almeida e o registro foi refeito com a partilha da autoria. Não tardou para muitos outros músicos cobrarem participação na composição, sendo que o consenso era o de que a origem desse e de outros sambas gravados e registrados naqueles tempos vinham de uma coletividade de artistas que se reuniam e "brincavam de fazer música". Donga apenas teria sido "o mais esperto" e o primeiro a se apoderar daquelas criações.

Como se sabe, o samba nasceu da rica herança rítmica do povo africano trazido pelos negros escravizados no Brasil. Os ritmos daquela gente eram uma mistura de arte musical, propriamente falando, com a liturgia religiosa oriunda especialmente de Angola e Congo. Essa correlação — para alguns, inseparável — entre música e religião foi fundamental para o estabelecimento do gênero Samba e da religião Umbanda, em que certos estudiosos não arriscam precisar qual deles tenha preponderado sobre o outro para a sua aceitação atual. Contudo, há que se destacar que ambos sofreram, em seus primórdios, preconceito e perseguição de fato. Daí então foi que surgiu a necessidade de um sincretismo das crenças religiosas africanas (o culto dos orixás) com a liturgia católica (a religião predominante no Brasil). De igual maneira, o Samba partiu da "batucada original" e variou com outros elementos musicais e culturais das várias localidades, como o maxixe, a polca, o lundu e o xote. Felizmente, inclusive, porque a partir daí ganhou uma diversidade incrível, enriquecendo ainda mais o gênero, tanto que em seguida ganharia o apreço da "gente branca" e — o que não é menos relevante — sedimentando a integração social das raças. E isso não é maravilhoso?


Evolução do Samba

O samba original nasceu no Estado da Bahia — que foi a porta de entrada da escravidão negreira brasileira. Sua característica primordial é forte batucada, para a dança de roda, e o canto responsorial em que um solista (geralmente uma pessoa de alta hierarquia religiosa do terreiro) soltava um bordão e os demais reproduziam. Era puro ritmo e culto.

Praça Onze, Rio de Janeiro: berço do Samba moderno

Com o estabelecimento da Capital do Império no Rio de Janeiro uma "negrada boa" — tanto de música quanto de ritual religioso — se transferiu para as terras cariocas e por lá desenvolveu uma nova cultura, de crenças e de expressão musical. O "berço" dessa nova geração — a qual daria o pontapé comercial do Samba — foram os morros no entorno da Praça Onze, onde hoje estão os bairros de Santo Cristo, Saúde e Gamboa. Entre os principais pontos de concentração dos sambistas pioneiros lá estava o terreiro da Tia Ciata (Hilária Batista de Almeida), bem em frente à Praça Onze e suas festanças regadas a culto ao orixás, dança da capoeira e samba. Foi de lá que surgiu a histórica composição "Pelo Telefone".

Tia Ciata

A primeira geração de sambistas teve como seus principais expoentes, além do já mencionado DongaSinhô (intitulado "Rei do Samba") e Pixinguinha.


Na segunda geração se destacam a turma do bairro do Estácio de Sá e os sambistas do morro, que criaram um estilo mais "picotado", que caiu no agrado dos brancos, inclusive os da classe média, o que nos remete imediatamente a Noel Rosa, um jovem branco, da elite, que largou o curso de medicina para se tornar um dos mais notáveis poetas compositores brasileiros.


Os sambistas do morro marcaram o samba com as batidas mais aproximadas a marchas, donde foi gerada o estilo típico dos desfiles de carnaval. Agora, os tambores e atabaques dividiriam espaço com pandeiros, surdos, tamborins e cuícas.



Nacionalização do Samba

Entre o final da década de 1920 e meados da década de 1940, o samba urbano carioca deixaria de ser considerado expressão local (como são tidos sambas em outras partes do país) para ser elevado, com auxílio do Estado, a um status de "símbolo nacional". Esse samba oriundo de uma região do Rio de Janeiro espalhava-se por outras áreas da cidade, não apenas com os sambas de carnaval, mas também com novas formas dentro do estilo moderno carioca, como o samba-canção e o samba-exaltação. Difundidos pelas ondas do rádio, estes estilos cariocas seriam conhecidos em outras partes do Brasil, que, com a influência do governo federal brasileiro (mais propriamente partir dos projetos político-ideológicos do Estado Novo de Getúlio Vargas), elevaria o samba local da cidade do Rio de Janeiro à condição de samba "nacional" — muito embora existam outras formas e práticas do samba no país.[nota 7][3] A aproximação do Estado brasileiro com a música popular deu-se também pela oficialização, em 1935, do desfile de carnaval pela Prefeitura do então Distrito Federal.


No período de consolidação do samba carioca como "samba nacional", surgiram uma nova safra de intérpretes, que obtiveram grande sucesso radiofônico, como Francisco Alves, Mário Reis, Orlando Silva, Silvio Caldas, Carmen Miranda, Aracy de Almeida, Dalva de Oliveira, entre outros, e despontaram muitos compositores oriundos da classe média, como Noel Rosa, Ary Barroso, Lamartine Babo, Braguinha (conhecido também como João de Barro) e Ataulfo Alves. E mais tarde, Assis Valente, de Ataulfo Alves, de Custódio Mesquita, de Dorival Caymmi, de Herivelto Martins, de Pedro Caetano, de Synval Silva, que conduziram esse samba para caminhos ao gosto da indústria musical.


A consolidação local do Samba tornou o gênero tipo exportação, aliás, muito bem recebido mundo afora, inclusive, por Hollywood, onde Carmem Miranda e Ary Barroso se consagraram.


Hoje, como se sabe, o samba deixou de ser patrimônio particular, sectarista e é uma festa brasileira, de misturas. Não pertence a uma raça, nem a uma religião, mas eleva todas as cores e crenças a um patamar mais sublime de integração racial, de solidariedade social e celebração de dons artísticos, culturais e, em suma, de vida!


Bom, é muita história para contar e muita coisa boa para ouvir e o centenário do Samba é um ótimo chamariz para fazermos uma viagem musical por dentro de uma faceta da História do nosso povo, nossa formação cultural e, claro, cantar, dançar e viver a riqueza de nossa terra.

Para terminar, fica o apelo final: Não deixe o samba acabar.



segunda-feira, 17 de outubro de 2016

"Elas se Tornaram Canção" — "Madalena", Martinha da Vila

Em mais um título da nossa série "Elas se tornaram Canção", trazemos um "sambão" daqueles, que consagra uma exaltação a um dos nomes mais populares no Brasil:


"MADALENA DO JUCU", um dos maiores sucessos do sambista Martinho da Vila, canta os encantos de uma certa morena, cuja formosura arrebatava a rapaziada da Barra do Jucu, balneário de Vila Velha, no Estado do Espírito Santo. Conta-se que, ao som do Congo (ritmo tradicional da região), não tinha para ninguém além de Madalena, o que fez com que um jovem rico contrariasse seus pais e se casasse com a morena. Aliás, a essa canção foi composta justamente a partir de uma carta-declaração do "sortudo", que viveu uma longa história de amor com a rainha da vila.

Como dissemos, Madalena é um dos nomes mais populares do Brasil, tanto que foi cantado por outras composições, por exemplo: "MADALENA" composta por Ivan Lins e Ronaldo Monteiro, interpretado por vários artistas, como o próprio Ivan Lins e Elis Regina; também é o grande refrão em "ROMANCE NO DESERTO" (versão de "ROMANCE IN DURANGO" de Bob Dylan) cantada por Fagner e mais tarde relançada por Amado Batista; esse nome também é lembrado por Sidney Magal em sua exótica "SANTA ROSA MADALENA"; tem ainda a dramática "MADALENA" de Gilberto Gil.

Por hora, então, vamos curtir um bom samba e exaltar a Madalena do Jucu!



"MADALENA DO JUCU"
Martinho da Vila

Madalena, Madalena
Você é meu bem querer
Eu vou falar pra todo mundo
Vou falar pra todo mundo
Que eu só quero é você
Eu vou falar pra todo mundo
Vou falar pra todo mundo
Que eu só quero é você

Minha mãe não quer que eu vá
Na casa do meu amor
Eu vou perguntar a ela
Eu vou perguntar a ela
Se ela nunca namorou
Eu vou perguntar a ela
Eu vou perguntar a ela
Se ela nunca namorou

Oh! Madalena

Refrão

O meu pai não quer que eu case
Mas me quer namorador
Eu vou perguntar a ele
Eu vou perguntar a ele
Porque ele se casou
Eu vou perguntar a ele
Eu vou perguntar a ele
Porque ele se casou
Madalena

Refrão

Eu fui lá pra Vila Velha
Direto do Grajaú
Só pra ver a Madalena
E ouvir tambor de congo
Lá na barra do Jucu
Só pra ver a Madalena
E ouvir tambor de congo
Lá na barra do Jucu
Oh! Madalena

Refrão



Origem e significado de Madalena

Madalena: Significa "a que vive na Torre de Deus", "habitante de Magdala".

Maria Madalena (ou, Maria de Magdala)
O nome Madalena chegou ao português através do grego Magdaléne, que significa "a que vem de Magdala" ou "a que habita em Magdala". Magdala era o nome de uma aldeia junto ao Mar da Galileia, que em hebraico significa "torre". Alguns estudiosos dizem estendem ao significado de "Torre de Deus", que também é aceitável.

O nome Madalena se tornou popular por influência de Maria Madalena, personagem bíblica mencionada no Novo Testamento e que recebeu este nome por ser chamar Maria e ser de Magdala. Chegou à Inglaterra como um nome cristão por voltar do século XII, tornando-se muito comum na Idade Média em razão da popularidade da santa Maria Madalena, principalmente através das variantes Madeline e Madeleine.

Madalena Teresa da Suécia


Além, é claro, da personagem bíblica, Maria Madalena, há muitas famosas xarás, inclusive na nobreza europeia, por exemplo, Madalena de Valois, rainha da França e rainha consorte da Escócia no século XVI; Madalena da Saxônia, princesa da Dinamarca; e Madalena Teresa, princesa da Suécia


Madalena Brandão


Em Portugal, esse é um nome igualmente muito comum, inclusive no meio artístico, por exemplo: Madalena Iglesias,uma das mais consagradas cantoras da velha guarda; Madalena Coelho, famosa pintora; Madalena Brandão, atriz.


domingo, 10 de julho de 2016

"Elas se Tornaram Canção" — "ALINE", Chrrstophe

Além de fazer parte da lista das 100 melhores músicas internacionais românticas de todos os tempos, o sucesso que trazemos neste post não poderia ficar de fora da nossa série "Elas se Tornaram Canção". Confira o porquê:



Ah, quantas "Alines" não surgiram mundo afora depois do lançamento dessa canção, hein? Muitas mesmos, especialmente se considerarmos que esse sucesso é de 1965, lançada pelo cantor francês Christophe.

Ele conta que essa música já constava em sua cabeça, faltando apenas um pequeno detalhe, o que ao mesmo tempo era a "chave de ouro" da obra: o nome da música. E onde ele foi encontrar essa alcunha? O musico revelou que, por ocasião de um tratamento dentário, pegou emprestado o nome da assistente da dentista. "Aline" desde pronto lhe pareceu agradável e muito harmônico com a dita composição.

Não se vê nessa letra uma espécie de delírio de adolescente? Sonho, praia, desenho na areia, grito de chamado... Hum, verdadeiros ingredientes para a copilação de um conto de fadas. Mas a verdade é que todo romântico é meio mítico em si mesmo e somente assim é capaz de trazer seus delírios à realidade em pequenos episódios — tipo Don Quixote de La Mancha.

Assim é a "Aline" de Christophe: um delírio implausível, mas capaz de ser fantasiado na vida real para quem sabe apreciar o mar. E através dessa bela melodia, mesmo com arranjos marcados, sem muita variação, podemos navegar nas ondas da paixão.


Ah, mas eu não posso deixar de mencionar a ótima versão em português gravada por Agnaldo Timóteo (veja aqui). Essa mesma versão, aliás, foi também brilhantemente interpretada pela dupla sertaneja João Mineiro & Marciano (confira aqui).

"ALINE"

J'avais dessiné sur le sable
Eu desenhei sobre a areia
Son doux visage qui me souriait
Seu suave rosto que me sorria
Puis il a plu sur cette plage
Depois choveu sobre essa praia
Dans cet orage, elle a disparu
Nessa tempestade, ela desapareceu
Et j'ai crié, crié
E eu gritei, gritei
Aline, pour quelle revienne
Aline, para que ela voltasse
Et j'ai pleuré, pleuré
Eu chorei, chorei
Oh! J'avais trop de peine.
 Oh! eu sentia muita dor
Je me suis assis auprès de son âme
Eu me sentei perto da sua alma
Mais la belle dame c'était enfuie
Mas a bela senhora fugiu
Je l'ai cherchée sans plus y croire
Eu a procurei sem mais acreditar
Et sans un espoir, pour me guider.
E sem esperança para me guiar
Et j'ai crié, crié,
Eu gritei, gritei,
Aline, pour qu'elle revienne.
Aline, para que ela voltasse
Et j'ai pleuré, pleuré,
Eu chorei, chorei,
Oh! J'avais trop de peine.
Oh! eu sentia muita dor
Je n'ai gardé que ce doux visage
Eu guardei apenas esse suave rosto
Comme une épave sur le sable mouillé
Como um naufrágio sobre a areia molhada
Et j'ai crié, crié
E eu gritei, gritei
Aline, pour quelle revienne
Aline, para que ela voltasse
Et j'ai pleuré, pleuré
Eu chorei, chorei
Oh! J'avais trop de peine.
 Oh! eu sentia muita dor

* * *


Origem e significado do nome Aline

Aline quer dizer “serpente nobre”, “serpente da nobreza”, “pequena nobre”, “a reluzente, a resplandecente”. O nome surgiu a partir do latim Alina, Alyna, variantes de Adeline, um nome com duas possibilidades de origem. Adelina pode ter vindo do germânico Ethelyna, formado pela união dos termos athal, que significa “nobre” e lind que quer dizer “serpente”, e significa “serpente nobre, serpente da nobreza”. A serpente, neste caso, simboliza “força, energia, proteção”. Pode ter sido originado ainda como um diminutivo de Adélia, nome que surgiu no germânico Athala, derivado da raiz athal que significa “nobre”, portanto Adelina quer dizer também “pequena nobre”.

Aline Weber
Adelina foi introduzido na Inglaterra pelos normandos nas formas Adelin, Adelina e Edelin, que se tornaram muito comuns durante a Idade Média. No século XVIII foram encontrados registros com as variantes Athelinda, Ethelinda e Earthelinda. A forma Aline foi muito comum na Inglaterra nos séculos XII e XV.

Aline Towner
Os nomes iniciados com a raiz adal, athal, foram muito populares entre a nobreza franca, principalmente para enfatizar a descendência nobre para facilitar bons casamentos. á, ainda, uma vertente que relaciona Aline como uma variante do nome inglês  Eileen, que pode ser considerada a versão irlandesa de Helena, que significa “a reluzente, a resplandecente”, ou ainda pode ter surgido como uma variante de Aveline, o mesmo que Evelyn, que quer dizer “maçã ou avelã”.

Aline Barros
Muitas personalidades de destaque trazem esse nome. Brasileiras, podemos citar, por exemplo: Aline Weber, modelo brasileira; Aline Barroscantora evangélica. De outras nacionalidades, temos a atriz americana Aline Towne, as cantoras libanesas Aline Lahoud e Aline Khalaf, a piloto americana Aline Rhonie Hofheimer, a primeira piloto mulher da história da aviação, tendo inclusive combatido a II Guerra Mundial.

Aline Lahoud

quarta-feira, 22 de junho de 2016

"Elas se Tornaram Canção" — "MONALISA", Jorge Vercillo

Primeiro, ela se transformou o quadro mais famoso e valioso do mundo. Depois, foi tomada como tema musical e, então, entra na nossa coletânea "Elas se tornaram Canção" (veja o index aqui). Bem, só podemos estar falando de.... "MONALISA" com Jorge Vercillo!


De autoria do próprio intérprete, esse single foi lançado em 2003, sendo a mais bem sucedida faixa do álbum  "Livre" — o quinto disco de Jorge Vercillo.

Em "MONALISA", temos o mesmo estilo que consagrou o cantor e compositor Jorge Vercillo: um pop sofisticado, bem ao gosto dos clássicos de MPB acrecido de batidas modernas e alegres. É uma espécie de "poesia embalada".

Carioca da gema,Vercillo formou-se em jornalismo, mas jamais exerceu tal ofício. Também não seguiu os planos de criança de jogar no Flamengo. Por incentivo de uma tia, apostou na música e se deu bem, lógico. Tudo começou com uma fita-cassete, na qual gravou suas imitações de Djavan (há muita gente que ainda hoje confunde as duas vozes). Não tardou para ele conseguir um produtor e um contrato com a gravadora Continental. Já no primeiro álbum, "Encontro das Águas", o reconhecimento foi de pronto. Daí por diante, todas as portas do sucesso se lhe abriram e Vercillo está consagrado como um dos grandes músicos da nova geração da MPB.

Vercillo, no entanto, não foi o primeiro a pegar esse nome como inspiração musical. Sob o título "Mona Lisa" (do original em italiano), tem a clássica versão do americano Nat King Cole (veja aqui). Tem a composição country de Wille Nelson (veja aqui). Outra, que particularmente não me agrada em nada, é o rap do britânico Slick Rick (veja aqui); bem como a (também dispensável) do pop com Britney Spears (veja aqui). Quem também cantou a Mona Lisa foi Elton John sob o título "MONA LISA AND MAD HATTERS" (veja aqui).

Mas, vamos com Jorge Vercillo!



"MONALISA"
Jorge Vercillo

É incrível,
Nada desvia o destino
Hoje tudo faz sentido,
E ainda há tanto a aprender
E a vida tão generosa comigo,
Veio de amigo a amigo
Me apresentar a você

Paralisa com seu olhar, 
Monalisa
Seu quase rir
Ilumina tudo ao redor
Minha vida, 
ai de mim.
Me conduza junto a você, 
ou me usa pro seu prazer
Me fascina, 
deusa com ar de menina

Não se prenda
A sentimentos antigos
Tudo que se foi vivido
Me preparou pra você
Não se ofenda
Com meus amores de antes
Todos tornaram-se pontes
Pra que eu chegasse a você

Paralisa com seu olhar, 
Monalisa
Seu quase rir
Ilumina tudo ao redor
Minha vida, 
ai de mim
Me conduza junto a você, 
ou me usa pro seu prazer
Me fascina, 
deusa com ar de menina

* * *

La Gioconda, de Leonardo da Vinci
Origem e significado do nome Monalisa

Monalisa significa “senhora Lisa” ou “agradável”, “a que encanta”, “a sorridente”.

O nome Monalisa é formado pela junção das palavras Mona, diminutivo de madonna, forma italiana para “nossa senhora” ou “senhora” e Lisa, de Lisa del Giocondo, nome da provável modelo utilizada por Leonardo da Vinci em seu quadro mais famoso, conhecido por Mona Lisa, em italiano: La Gioconda, do latim jucundus, significa “agradável, que encanta, feliz” e passou também a ser atribuído o significado de “a sorridente”.

Monalisa Perrone
Talvez até pela força do quadro de Da Vinci, o nome Monalisa não seja tão comum. Todavia, não é o caso de se dizer tal alcunha ser tão excêntrica. No Brasil, temos uma famosa jornalista que assina como Monalisa Perrone.


E você? Conhece alguma outra pintura de mulher com o nome Monalisa?

terça-feira, 31 de maio de 2016

Recomposição de "As Quatro Estações" de Vivaldi, por Max Richter


Quem já conhece a exuberância da obra "As Quatro Estações" de Vivaldi pode muito nos confirmar que aqui tratamos de uma das melhores composições clássicas de todos os tempos. Quem desconhece essa preciosidade, tem um motivo a mais para debruçar os ouvidos e a alma sobre essa obra-prima: uma recomposição moderna desse clássico.

No Brasil, onde não há educação musical universalizada, essa composição se consagrou no meio popular através da televisão, em virtude de uma série de comerciais da antiga linha de cosméticos Vinólia, linha essa exatamente rotulada de As Quatro Estações, cujo fundo musical era de trechos da obra de Vivaldi. Veja uma amostra aqui.
Memoráveis comerciais, diga-se de passagem.


As Quatro Estações

Composta em 1725, "As Quatro Estações" ("Le Quattro Stagioni", original em italiano) é a obra-prima do compositor italiano Antonio Vivaldi. Trata-se de um concerto para violino e orquestra, do estilo barroco, dividido em quatro partes, exatamente correspondendo às estações do ano: "Primavera", "Verão", "Outono" e "Inverno".

Confira a seguir "As Quatro Estações" de Vivaldi, interpretado pela Orquestra Sinfônica de Amsterdã, no Festival Internacional Kamermuziek, em Berlin, 2014:



O gênio Vivaldi

Antonio Lucio Vivaldi (1678-1741) nasceu em Veneza, Itália, filho de um modesto barbeiro, mas reputado excelente violonista. Inspirado nele, o bambino não tardou para se aventurar na Música. Ingressado na conceituada orquestra da Basília de São Marcos, tornou-se logo o melhor tocador de violino de seu tempo.
Antonio Vivaldi
Além da dedicação à Música, Vivaldi consagra-se à igreja, sendo ordenado padre em 1703. No entanto, dado sua frágil condição física e problemas de saúde, ele é dispensado das funções sacerdotais regulares e, recluso, pôde então dedicar-se a suas composições, num total de mais de 700 peças, dentre as quais, 477 concertos e 46 óperas.
Suas atividades musicais não eram bem-vistas pelos seus superiores na Igreja. Vivaldi chegou a ser excomungado. Sem o devido reconhecimento, passando a viver com sérias dificuldades financeiras, sustentando-se como professor de violino e da venda de suas obras, a preço irrisório.
Teve um caso amoroso com uma de suas alunas, Anna Giró, com quem partiu para Viena, a convite do imperador Carlos IV, em 1740. Em pouco tempo, porém, seu protetor e financista falece  Pobre, o compositor morreria no ano seguinte, tendo um modestíssimo enterro ali, na Capital austríaca.
Sua obra ficou praticamente esquecida nos dois séculos seguintes, até ser resgatada pelo seu conterrâneo, o maestro Alfredo Casella. Em 1939, Casella organizou a histórica Semana Vivaldi, chamando a atenção de vários musicólogos internacionais de renome. Desde então, sua obra passou a ganhar crescente prestígio, com destaque especial, claro, ao concerto "As Quatro Estações".


A recomposição, por Max Richter

E o que há de novo no front?
Bem, o destaque aqui é para a "recomposição/' de "As Quatro Estações" de Vivaldi, feita pelo compositor Max Richter (ver site oficial).
Como assim?
Pois então: o músico germano lançou em 2012 um álbum gravado junto com a Orquestra de Câmara de Berlim, sob a regência de Andre de Ridder, no qual apresentou uma recomposição da obra original do mestre italiano.
A releitura que ele faz desse clássico no álbum intitulado Recomposed by Max Richter, pelo selo Deutsche Grammophon é Vivaldi que passou por esses compositores incorporando elementos da linguagem tonal contemporânea.
"Eu quis abrir nota por nota a partitura original de Vivaldi, descobrindo sua essência para poder reescrevê-la, recompor, de forma mesmo literal." — descreveu Richter.
Um dos destaques é Summer 3 pela energia e maestria do violinista Daniel Hope.

Confira pelo vídeo abaixo a íntegra do concerto recomposto:



Antes dessa "aventura", Max Richter não era um nome muito conhecido, nem mesmo pelo público amante da música erudita. No entanto, fora autor de trilhas de filmes visto por milhares de pessoas, como Valsa para Bashir, de Ari Folman, e A Chave de Sarah, de Gilles Paquet-Brenner.
Max Richter

Aparentemente, "As Quatro Estações" não foi composta (ou, recomposta) para nenhum filme, embora funcionam muito bem para esse propósito, dada a repercussão — muito positiva, alíás — que essa releitura está causando.

A expectativa agora é: será que essa ideia de "recomposição" vai parar nas quatros estações de Vivaldi, ou teremos novas — e boas — surpresas vindo por aí, resgatando obras-primas, ressuscitando talentos e, ao menos em parte, reparando injustiças contra os gênios musicais do passado?






segunda-feira, 30 de maio de 2016

"Elas se Tornaram Canção" — "SEBASTIANA", Jackson do Pandeiro

Sebastiana já foi um dos nomes mais populares no Brasil. Uma dessas, mulher arretada, serviu de inspiração para um grande clássico da música popular brasileiro, cujo título é exatamente essa alcunha, consagrado como um dos maiores sucessos do genial músico paraibano Jackson do Pandeiro.


Jackson do Pandeiro era chamado de "O Rei do Ritmo", pelas extraordinárias invenções e misturadas que fazia os instrumentos musicais. Um verdadeiro festival de gingado e alegria. Além dos fenomenais sucessos "O CANTO DA EMA", "CASACA DE COURO", "CHICLETE COM BANANA", "UM A UM" e a originalíssima "TUM TUM TUM", o gênio consagrou "SEBASTIANA" — que é nossa música de destaque.
Essa música foi composta em 1953 por Rosil Cavalcanti, a pedido de Jackson, depois que ele "se meteu" com uma baixinha, forrozeira arretada, que o topou de súbito em uma de suas apresentações, conforme o próprio cantor narra (veja aqui).
O resultado foi um dos mais memoráveis clássicos nacionais, que seria reinterpretado por muitos outros gigantes da nossa música, por exemplo, Luiz Gonzaga (veja aqui), Elba Ramalho (veja aqui), Gal Costa (ver aqui) e muitos outros. Não deixe de ver também a versão com Lucy Alves e o Clã Brasil (ver aqui).

Mas então, vamos com Jackson do Pandeiro e sua "SEBASTIANA".




"SEBASTIANA"

Convidei a comadre sebastiana
Pra cantar e xaxar na paraíba
Ela veio com uma dança diferente
E pulava que só uma guariba

E gritava a, e, I, o, u, ipslone

Já cansada no meio da brincadeira
E dançando fora do compasso
Segurei sebastiana pelo braço
E gritei não faça sujeira
O xaxado esquentou na gafieira
Sebastiana não deu mais fracasso

E gritava a, e, I, o, u, ipslone

* * *

Origem e significado do nome Sebastiana

É a variante feminina de Sebastião, que tem origem no nome grego Sebastianós, derivado de sebastós, vindo do latim Sebastianus, que quer dizer literalmente “sagrado”.
O nome também pode estar relacionado com o nome dado a população da cidade chamada Sebastia, uma antiga cidade da Capadócia, que possui o mesmo significado.
Esse é um nome muito comum no Brasil e em Portugal, embora, por aqui, tem caído em desuso segundo os últimos censos.

sexta-feira, 20 de maio de 2016

"Elas se Tornaram Canção" — "ALICE", Kid Abelha

A continuação da nossa série "Elas se Tornaram Canção" (ver o índex aqui) não vem exatamente do País das Maravilhas, mas, com certeza, vem de uma maravilhosa e fértil época de composições nacionais, das quais, trazemos "ALICE", do grupo Kid Abelha.


Em 1984, finalmente, a banda de pop rock Kid Abelha & Os Abóboras Selvagens conseguiu um contrato com a Warner Music para gravar o seu primeiro álbum, intitulado "Seu Escorpião", no qual foi inserida a faixa "ALICE", com o subtítulo "Não Escreva Aquela Carta de Amor" — a que aqui destacamos.

A música foi composta por Leoni, Paula Toller e Bruno Fortunato, o trio que então compunha a banda.

Trata-se de um hit jovial — desde seu embalo, até a sua letra, digamos, descolada. O que ela denota é um perfil apaixonado e sério da menina, Alice, em meio a um romance que, embora não tenha a garantia de uma longa duração, pareça favorável e, quem sabe, promissor para o advento de um grande amor.

Será que as Alices são assim?

Bom, a impressão que ficou é que este é um nome que sugira juventude, aventura, alegria e vivacidade. Em razão disso, certamente, muitas garotinhas foram batizadas com tal alcunha.

Então, vamos de aventura jovem, com "ALICE" de Kid Abelha:




"ALICE"
(Não Escreva Aquela Carta de Amor)

Tantos sonhos morrem em poucas palavras
Um bilhete curto e já não há nada
Alice, não se esqueça do nosso amor
Será que eu tenho sempre que te lembrar?
Todo dia, toda hora
Eu te imploro
Por favor

Alice não me escreva aquela carta de amor
Alice não me escreva aquela carta de amor

Sempre tive medo das suas idéias
Por que você precisa ser tão sincera?
Alice, eu tô treinando pra te enfrentar
Tenho mil motivos pra você me suportar
Fica mais uma semana
Nesse tempo a gente engana

Alice não me escreva aquela carta de amor
Alice não me escreva aquela carta de amor




Origem e significado do nome Alice

Alice significa basicamente “de qualidade nobre”, “de linhagem nobre”.

O nome Alice tem origem nas versões francesas Adaliz, Alesia, Aliz, utilizadas como diminutivo de Adelaide, nome originado no germânico Adelheid, composto pelos elementos adal, que quer dizer “nobre” e haidu, que significa “espécie", "tipo", "qualidade”.

Capa do livro
"Alice no País das Maravilhas"
Trata-se de um belo nome, predominantemente feminino, que reflete atributos de excelência.

O nome foi popularizado por volta do século XII na França e na Inglaterra, principalmente por influência dos romances da época, através das variantes latinizadas Alesia e Alicia.

Marie Alice Heine
Perdeu sua popularidade por volta do século XVII, por ter sido associado a uma vida rústica, passando a ser considerado um nome antiquado. Foi reavivado no século XIX pela personagem do livro “Alice no País das Maravilhas”, do romancista britânico Charles Lutwidge Dodgson, mais conhecido pelo pseudônimo Lewis Carrol. A obra foi publicada em 1865 e conta a história de uma menina que é transportada para um mundo lúdico e repleto de enigmas. Lewis Carrol também era matemático e as charadas presentes no enredo do livro contribuíram para sua popularidade. Em homenagem a essa fantástica obra, um dos asteroides da Cintura Principal foi nomeado pela NASA de 291 Alice.

Alice de Athlone
A origem do nome Alice pode ser vista associada erroneamente ao termo grego alethia, que quer dizer “a verdadeira”, mas deve ser desconsiderado. Algumas fontes ainda afirmam que tenha surgido como um anagrama de Célia, outra sugestão que também deve ser descartada.
Alice Roosevelt
São suas variantes Alicia e Alizia, em espanhol e em italiano.

Esse nome foi muito usado na nobreza europeia, A turca Alice de Antioquia, por exemplo, foi uma princesa muito influente e proativa. A inglesa Alice Heine foi a princesa-consorte do príncipe de Mônaco. Alice Athlone, neta da rainha Vitória da Inglaterra, foi condessa e também princesa de Saxe-Coburgo-Gota. Alice de Courtenay foi uma condessa inglesa.

Alice Wegmann


Nos EUA, Alice Roosevelt, filha do presidente americano Theodore Roosevelt, era chamada de Princesa da Casa Branca.

Alice Braga

Por aqui, temos a atriz carioca Alice Wegmann
Outra xará atriz nacional é Alice Braga, sobrinha da  também atriz renomada Sônia Braga.


Alicia Keys






Alicia Silverstone
E, considerando a sua variante Alicia, vamos nos deparar com duas grandes celebridades internacionais: a cantora Alicia Keys e a atriz Alicia Silverstone (ambas americanas).