terça-feira, 26 de maio de 2020

Os velhos e bons tempos de "Década Explosiva Romântica"

segunda-feira, 21 de janeiro de 2019

"Elas se Tornaram Canção" — "JÉSSICA", Biro do Cavaco

De volta com nossa seleção "Elas se Tornaram Canção" (saiba mais aqui), vamos recordar um grande sucesso do final da década de 1980 e começo da de 1990, que acabou de inspirar muitos pais a definirem o nome de suas princesinhas: Jéssica.


"Jéssica" é uma doce melodia, uma canção de ninar em uma batida suave de samba, composição de Tatá que seu amigo Biro do Cavaco gravou em 1989 no sue primeiro trabalho solo, o LP "Trocando Olhares", depois que ele saiu do grupo Os Originais do Samba.

Biro do Cavaco, ou Silvio Mariano dos Santos nasceu em Campinas, interior de São Paulo e é conhecido pelo seu talento de tocar cavaquinho e violão. Clique aqui para visitar o site oficial de Biro do Cavaco. Ao longo de sua carreira solo, lançou sete discos, sendo seu maior sucesso exatamente a música que aqui destacamos: "Jéssica".

Vamos curtir essa bela toada:



JÉSSICA
Biro do Cavaco

Sem a gente esperar
Nasce uma pequena flor
Que terá muito amor
Que terá muito amor

Nem bem nasceu
Já começamos regá-la
Pra mais tarde colher
Uma porção de carinho
Uma porção de carinho

Toda flor que nasce
Nasce sem nome, sem nada
Sem título algum
Nasce desemparada

Mas aqui é diferente
Temos amor e de tudo
Principalmente carinho
Pra enfrentar nosso mundo
Pra enfrentar nosso mundo

Eu vou dizer pra vocês
Qual é o nome dela
Eu vou dizer pra vocês

O nome dela é
Jéssica, Jéssica,
Jéssica, Jéssica

O nome dela é Jéssica
Eu já falei pra vocês
É a coisa mais linda
Que Deus pôde trazer



A heroína da Marvel Jessica Jones
Origem e significado do nome Jéssica

Estima-se que o nome Jéssica venha do termo hebraico Iskah​, que quer dizer "ela observa, ela vê", cujo sentido se estende para algo do tipo "a observadora".

A forma atual é reflexo das adaptações que sua escrita original em hebraico sofreu na passagem para outros idiomas. No inglês antigo, do século XVI, Yiskah passou para Yiskah, depois para Jesca ou Jescha.

Jessica Lange
O começo de sua popularização em nível mundial pode ser demarcado a partir da comédia trágica "O Mercador de Veneza"de William Shakespeare, escrita em 1596. Na peça, Jéssica (Jessica em inglês) é uma das personagens principais do enredo, a filha do rico comerciante judeu Shylock. Daí em diante, tornou-se logo um dos nomes mais usados na Inglaterra e, por extensão, nos países falantes da língua inglesa.

Jessica Athayde
De forma carinhosa, esse nome é comumente abreviado nos países que falam a língua de Shakespeare nas formas Jessi, Jess e Jessie.

Jéssica é um nome bastante popular no Brasil na atualidade, também encontrado na variante gráfica Jéssika ou Jessika.

Jessica Alba
E, claro, sendo um nome mundialmente utilizado, não poderia deixar de haver muitas celebridades, inclusive uma heroína da Marvel: Jessica Jones. Entre as famosas, destacamos: a atriz americana Jessica Lange, vencedora de 2 Oscars e outros grandes prêmios do cinema e televisão; Jessica Alba, atriz que fez a Mulher Invisível no filme do Quarteto Fantástico (2005); Jessica Athayde, atriz portuguesa; Sarah Jessica Parker, premiada atriz americana e intérprete de uma das protagonistas da série Sex in the city.

Do Brasil, destacamos a piauiense Jéssica Carvalho, Miss Brasil 2018.

Jéssica Carvalho

quarta-feira, 21 de março de 2018

A volta de Geraldo Vandré ao palco


Um dos maiores nomes da Música Popular Brasileira, Geraldo Vandré, autor de "PARA NÃO DIZER QUE NÃO FALEI DAS FLORES", mais conhecida como "CAMINHANDO E CANTANDO", uma das mais belas e importantes canções de nossa história — também sugerida como o "Hino Nacional Brasileiro popular", volta a se apresentar num palco depois de 50 anos. E vemos como esse meio século de afastamento tem feio falta à nossa musicalidade.


"Volto para prestar uma reverência à Paraíba!" — disse ele, ao confirmar a apresentação gratuita que fará no Espaço Cultural em João Pessoa, capital paraibana, na sexta-feira 23 deste mês de março.

A apresentação vai acontecer em dois momentos, no primeiro, um recital de poemas do próprio Vandré em um composição com a pianista Beatriz Malnic. A segunda parte do retorno de Vandré acontece com a ajuda da Orquestra Sinfônica da Paraíba e o Coro Sinfônico da Paraíba. De acordo com o maestro Luiz Carlos Durier, o repertório é composto por quatro músicas de autoria de Vandré, mas com arranjos próprios da música clássica.

Apenas uma delas é mais conhecida do grande público, exatamente já referido clássico "PARA NÃO DIZER QUE NÃO FALEI DAS FLORES". As demais do repertório, "FABIANA", música feita em homenagem à Força Aérea Brasileira (FAB); Mensagem, homenagem à bandeira da Paraíba; e Pátria Amada Salve Salve, de teor nacionalista, completam a parte orquestrada da apresentação.

Se você não conhece a biografia desse músico genial, dê uma olhada aqui e consulte também sua fonografia, pelo que, entre outras joias, encontrará outra preciosidade deste paraibano arretado: "DISPARADA".



Interessante ainda ouvi-lo sobre sua própria história, inclusive sobre a polêmica a respeito de censura imposta pela ditadura sobre sua obra musical, como nos enseja esta entrevista concedida à produção da Globo News:



Atenção, todos os ingressos já foram distribuídos e, como o espaço é limitado, não há mais lugares disponíveis para essa volta histórica.

sábado, 25 de fevereiro de 2017

O incrível Theremin


Esse, provavelmente você não conhecia: Theremin  um dos mais antigos instrumentos musicais eletrônicos, dos mais "estranhos", mas com um efeito sonoro maravilhoso!

Uma pequena demonstração:


Na performance deste vídeo, temos o Theremin executado em destaque por Katica Illenyi, junto com a orquestra do gênio musical italiano Ennio Morricone em um de seus grandes clássicos: Once Upon a Time in the West.

O Theremin foi inventado em 1919 pelo russo Lev Sergeyevich Termen. Consistindo de uma caixa eletrônica com duas antenas, o instrumento tem a distinção de produzir música sem ser tocado pelo musicista  o único do gênero. Na sua versão mais comum, o lado direito controla o tom da nota, variando a sua distância da antena vertical. A antena horizontal, em forma de laço, é usada para variar o volume de acordo com a sua distância a partir do lado esquerdo.

No vídeo a seguir, é o próprio inventor russo quem faz uma apresentação do seu espetacular "brinquedo":





A origem do Theremin

O teremim original foi produto de pesquisas em torno de sensores de proximidade, financiadas pelo governo russo. Seu inventor, o jovem físico Lev Sergeevich Termen (conhecido no ocidente como Léon Theremin), em outubro de 1920, depois do início da Guerra Civil Russa. Depois de um longo tour pela Europa, no qual ele demonstrou sua invenção, Theremin conseguiu ir para os Estados Unidos, onde patenteou sua invenção em 1928. Em seguida, Theremin cedeu os direitos de produção à RCA.

Apesar do Thereminvox da RCA (lançado logo após a Grande Quebra de 1929) não ter sido um sucesso comercial, ele fascinou audiências dentro e fora da América. A jovem lituana Clara Rockmore, uma famosa tereminista, fez um tour para divulgá-lo, executando um repertório clássico em concertos ao redor dos Estados Unidos.

Em 1938, Theremin deixou os EUA, apesar das circunstâncias relativas à sua partida serem bastante discutidas. Várias pessoas afirmam que ele foi levado do seu apartamento em Nova Iorque por agentes da KGB, levado de volta para a União Soviética para trabalhar em um laboratório russo em Magadan, na Sibéria. Ele reapareceu 30 anos depois.

Após a excitação dos interesses na América que sucederam o fim da Segunda Guerra Mundial, o teremim logo caiu em desuso entre os músicos mais sérios, principalmente porque foram inventados novos instrumentos eletrônicos, mais fáceis de tocar. Entretanto, um nicho de interesse no teremim persistiu, na sua maioria entre os entusiastas por eletrônica e os hobbistas. Um desses entusiastas, Robert Moog, começou a construir teremins nos anos 50, enquanto estava no colegial. Em seguida, Moog publicou vários artigos sobre a construção dos teremins, e vendeu kits para a construção do instrumento.

Desde o lançamento do filme Theremin: An Electronic Odissey em 1994, o interesse pelo instrumento cresceu novamente, e tornou-se mais usado pelos músicos contemporâneos. Mesmo que os vários sons produzidos pelo teremim possam ser reproduzidos pelos diversos sintetizadores modernos, alguns músicos continuam apreciando a expressividade, novidade e unicidade que é o uso de um teremim de verdade. O próprio filme foi bem avaliado.

Adiante, uma performance de Clara Rockmore divulgando a peculiar sonoridade extraída do seu instrumento preferido.





Mecanismo sonoro do Theremin

O músico se posiciona de frente ao instrumento e move suas mãos perto das antenas de metal. A distância entre uma das antenas determina a frequência (pitch), e entre a outra controla a amplitude (volume). Na maioria das vezes, a mão direita controla a frequência e a esquerda controla o volume, embora esta disposição seja invertida por alguns artistas. Alguns teremins de baixo custo utilizam um controle de volume simples, operado com um potenciômetro, e possuem apenas a antena de frequência. Diferente das antenas mais conhecidas, estas não são usadas para receber ou transmitir sinais de rádio, mas agem como as placas de um capacitor.

O teremim usa o princípio do heteródino para gerar um sinal de áudio. O circuito responsável pela frequência inclui dois osciladores de rádio. Um deles opera em uma frequência fixa, enquanto a frequência do outro é controlada pela distância da mão do músico em relação à antena de frequência. A mão funciona como uma placa aterrada (sendo o corpo do músico a conexão com a terra) de um capacitor variável em um circuito LC (indutor-capacitor), que é parte do oscilador e determina sua frequência. A diferença entre as frequências dos dois osciladores a cada momento permite a criação de diferentes tons na faixa de frequências audíveis, resultando em sinais de áudio que são amplificados e enviados para um alto-falante.

Para controlar o volume, a outra mão do músico age como a placa aterrada de outro capacitor variável. Nesse caso, o capacitor interfere em outro oscilador, que muda a atenuação no circuito amplificador. A distância entre a mão e a antena de controle do volume determina a capacitância, que por sua vez controla o volume do teremim.


Projetos mais modernos simplificam este circuito e evitam a complexidade de dois osciladores heteródinos, usando um único oscilador de pitch, similar ao de controle de volume. Esta abordagem geralmente é menos estável e não consegue gerar frequências mais baixas como um oscilador heteródino. Projetos melhores usam dois pares destes osciladores, para ambos volume e frequência.

Outro clássico internacional, Over the Rainbow, ao som do Theremin:



O Theremin certa vez foi usado comicamente em um episódio da famosa série americana The Big Bang Theory, veja:



Atualmente, o Theremin tem sido bastante usado em músicas techno e neopsicodélicas, como no caso do próximo vídeo:



Sem dúvidas, um efeito incrível.

terça-feira, 31 de janeiro de 2017

"Elas se Tornaram Canção" — "YOLANDA", Pablo Milanés

A canção que destacamos neste post, dentro da coleção "Elas se Tornaram Canção", é uma verdadeira joia, extraída da ilha cubana, cuja melodia é bem conhecida no Brasil, de outras regravações, boas versões, inclusive, mas que não poderiam substituir o seu original, mérito de Pablo Milanés: "Yolanda".



Pablo Milanés é um dos mais respeitados cantores românticos da História da Música em Cuba, sendo apontado, ao lado do amigo Silvio Rodriguez. como um dos reformadores da música moderna daquela ilha.

A meiga "YOLANDA" é uma composição de 1970, em homenagem à sua companheira, Yolanda Benet, por ocasião do nascimento de sua filha lynn. É lembrada como o maior sucesso do cantor, especialmente a regravação de 1982, em duo com o amigo Silvio Rodriguez.

Como dito, no Brasil, a melodia é bem conhecida — e aceita. A primeira versão veio em 1985 com o dueto Chico Buarque e Simone (veja aqui). É válido destacar que, por conta disso, o próprio Milanés por vezes dividiu o palco tanto com Chico (veja aqui) quanto com Simone (veja aqui). Logo mais veio a versão (bem pop) da dupla sertaneja Christian & Ralf, em 1991, (veja aqui). Vale a pena conferir o acústico da dupla (ver aqui). Essa pérola chegou à Espanha em 1990 pela band pop Danza Invisible (veja aqui). Em 2007 foi a vez da mexicana Guadalupe Pineda lhe emprestar a voz (veja aqui).

Visite também o site oficial de Pablo Milanés.

Eis pois, a "eternamente Yolanda":




"YOLANDA"
Pablo Milanés

Esto no puede ser no mas que una cancion
Esta não pode ser mais que uma canção
Quisiera fuera una declaracion de amor
Quisera fosse uma declaração de amor
Romantica sin reparar en formas tales
Romântica, sem reparar em tais formas
Que ponga freno a lo que siento ahora a raudales
Ponha agora freio no que sinto se derramendo
Te amo
Te amo
Te amo
Te amo
Eternamente te amo
Eternamente te amo

Si me faltaras no voy a morirme
Se me faltares, não morrerei
Si he de morir quiero que sea contigo
Se tiver que morrer, que seja contigo
Mi soledad se siente acompañada
Minha soidão sente-se acompanhada
Por eso a veces se que necesito
Por isso sei que às vezes necessito de
Tu mano
Tua mão
Tu mano
Tua mão
Eternamente tu mano
Eternamente tuas mãos
Cuando te vi sabia que era cierto
Quando te vi, sabia que esta certo
Este temor de hallarme descubierto
Este temor de me achar descoberto
Tu me desnudas con siete razones
Tu me despe com sete razões
Me abres el pecho siempre que me colmas
Me abres o peito sempre que me culminas
De amores
De amores
De amores
De amores
Eternamente de amores
Eternamente de amores
Si alguna vez me siento derrotado
Si alguma vez me sinto derrotado
Renuncio a ver el sol cada mañana
Renuncio a ver o sol cada manhã
Rezando el credo que me has enseñado
Rezando o Credo que me ensinasta
Miro tu cara why digo en la ventana
Olha teu rosto e digo ao vento
Yolanda
Yolanda
Yolanda
Yolanda
Eternamente Yolanda
Eternamente Yolanda
Yolanda
Eternamente Yolanda
Eternamente Yolanda
Eternamente Yolanda
Eternamente Yolanda
Eternamente Yolanda


Yolanda Ventura
* * *

Origem e significado do nome Yolanda

Yolanda é uma variante espanhola e inglesa de Iolanda, nome originado no latim viola, que deriva do grego íole, que quer dizer “violeta”.

Esta versão é muito utilizada no Brasil, mas apareceu na Inglaterra no século XIII como Jolenta e Yolende, transformadas na Idade Média para Violante, que deu origem ao francês Yolande e posteriormente ao espanhol Yolanda.


Yolanda Soares
Foi igualmente nome de uma imperatriz do século XII do Império Latino de Constantinopla, conhecida como Yolanda de Flandres.

Muitas Yolandas já encantaram o mundo. Radicada no México, Yolanda Ventura é uma atriz e cantora bem sucedida.
Yolanda Hadid

Em Portugal, é bem famosa a cantora Yolanda Soares.

Outra famosa é a alemã Yolanda Hadid (que antes assinava como Yolanda Foster), que veio fazer uma reconhecida carreira de modelo e atriz nos Estados Unidos.

Como sabemos, este é um nome muito popular no Brasil, inclusive de celebridades.


Yolanda Pereira
Foi a gaúcha Yolanda Pereira, em 1930, a primeira brasileira a ganhar um Miss Universo.

Sua xará, Yolanda Cardoso foi uma atriz global de grande sucesso.
Yolanda Cardoso



quarta-feira, 30 de novembro de 2016

STF analisa hoje o exercício profissional do Músico


Está na pauta de hoje do Supremo Tribunal Federal a apreciação de um processo de interesse para todos os músicos do Brasil.

Trata-se da Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) n° 183, impetrada pela Procuradoria Geral da República x Presidente da República e Congresso Nacional. O julgamento terá como relator o Ministro Teori Zavascki.

Segundo o site oficial do TSE, A ação questiona dispositivos da Lei n° 3.857/60, que regulamenta a profissão de músico. Sustenta a arguente, em síntese, que a Lei 3.857/60 criou a Ordem dos Músicos do Brasil - OMB e, dentre outras medidas, estabeleceu requisitos para o exercício da profissão de músico, instituindo o poder de polícia sobre a atividade artística. Contudo, tanto as restrições profissionais como o poder de polícia acima referidos são flagrantemente incompatíveis com a liberdade de expressão da atividade artística e com a liberdade profissional. Sustenta ainda que a existência de um órgão público controlando a atuação de artistas, com poder de lhes impor penalidades, é incompatível com a tutela da liberdade de expressão, e que as restrições à liberdade profissional somente seriam válidas em relação às “profissões que, de alguma forma, poderiam trazer perigo de dano à coletividade ou prejuízos diretos a direitos de terceiros, sem culpa das vítimas”, o que não ocorreria com a profissão de músico, uma vez que “se um profissional for um mau músico, nenhum dano significativo ele causará à sociedade”.

Em discussão: saber se estão presentes os pressupostos e requisitos de cabimento da ADPF e se os dispositivos impugnados foram recepcionados pela Constituição Federal de 1988.

No entendimento da OMB, a profissão do músico precisa ser regulamentada e cabe a esta autarquia federal zelar pelo cumprimento desta regulamentação, dando a si mesma o poder de polícia para agir contra possíveis "infratores". Na prática, segundo a OMB, o músico precisa ser certificado e manter em dia suas obrigações com a autarquia (dentre as quais o pagamento da anuidade), sob pena de ter seus instrumentos recolhidos quando pego em flagrante.

Então, o STF deve analisar hoje esse requerimento em comparação com a Constituição, observando especialmente a lei que defende a liberdade de expressão e manifestação artística.

Será que vai dar samba?

quarta-feira, 16 de novembro de 2016

100 Anos do Samba


Há cem anos atrás, portanto, em 1916, o carioca Ernesto Joaquim Maria dos Santos (1890-1974), sob o nome artístico Donga, registrou a música "Pelo Telefone", a primeira gravação de um samba. Por conta disso, considera-se aí a origem desse que muitos apontam como o mais autêntico gênero musical brasileiro.

Logo, estamos no ano do centenário do Samba. E isso merece uma postagem nossa, com certeza!



Raízes do Samba

A discussão sobre a autoria de "Pelo Telefone" é emblemática para destacar as raízes desse patrimônio nacional. Dunga a registrou como "sua" em 27 de novembro daquele 1916, mas logo depois admitiu a coautoria de Mauro de Almeida e o registro foi refeito com a partilha da autoria. Não tardou para muitos outros músicos cobrarem participação na composição, sendo que o consenso era o de que a origem desse e de outros sambas gravados e registrados naqueles tempos vinham de uma coletividade de artistas que se reuniam e "brincavam de fazer música". Donga apenas teria sido "o mais esperto" e o primeiro a se apoderar daquelas criações.

Como se sabe, o samba nasceu da rica herança rítmica do povo africano trazido pelos negros escravizados no Brasil. Os ritmos daquela gente eram uma mistura de arte musical, propriamente falando, com a liturgia religiosa oriunda especialmente de Angola e Congo. Essa correlação — para alguns, inseparável — entre música e religião foi fundamental para o estabelecimento do gênero Samba e da religião Umbanda, em que certos estudiosos não arriscam precisar qual deles tenha preponderado sobre o outro para a sua aceitação atual. Contudo, há que se destacar que ambos sofreram, em seus primórdios, preconceito e perseguição de fato. Daí então foi que surgiu a necessidade de um sincretismo das crenças religiosas africanas (o culto dos orixás) com a liturgia católica (a religião predominante no Brasil). De igual maneira, o Samba partiu da "batucada original" e variou com outros elementos musicais e culturais das várias localidades, como o maxixe, a polca, o lundu e o xote. Felizmente, inclusive, porque a partir daí ganhou uma diversidade incrível, enriquecendo ainda mais o gênero, tanto que em seguida ganharia o apreço da "gente branca" e — o que não é menos relevante — sedimentando a integração social das raças. E isso não é maravilhoso?


Evolução do Samba

O samba original nasceu no Estado da Bahia — que foi a porta de entrada da escravidão negreira brasileira. Sua característica primordial é forte batucada, para a dança de roda, e o canto responsorial em que um solista (geralmente uma pessoa de alta hierarquia religiosa do terreiro) soltava um bordão e os demais reproduziam. Era puro ritmo e culto.

Praça Onze, Rio de Janeiro: berço do Samba moderno

Com o estabelecimento da Capital do Império no Rio de Janeiro uma "negrada boa" — tanto de música quanto de ritual religioso — se transferiu para as terras cariocas e por lá desenvolveu uma nova cultura, de crenças e de expressão musical. O "berço" dessa nova geração — a qual daria o pontapé comercial do Samba — foram os morros no entorno da Praça Onze, onde hoje estão os bairros de Santo Cristo, Saúde e Gamboa. Entre os principais pontos de concentração dos sambistas pioneiros lá estava o terreiro da Tia Ciata (Hilária Batista de Almeida), bem em frente à Praça Onze e suas festanças regadas a culto ao orixás, dança da capoeira e samba. Foi de lá que surgiu a histórica composição "Pelo Telefone".

Tia Ciata

A primeira geração de sambistas teve como seus principais expoentes, além do já mencionado DongaSinhô (intitulado "Rei do Samba") e Pixinguinha.


Na segunda geração se destacam a turma do bairro do Estácio de Sá e os sambistas do morro, que criaram um estilo mais "picotado", que caiu no agrado dos brancos, inclusive os da classe média, o que nos remete imediatamente a Noel Rosa, um jovem branco, da elite, que largou o curso de medicina para se tornar um dos mais notáveis poetas compositores brasileiros.


Os sambistas do morro marcaram o samba com as batidas mais aproximadas a marchas, donde foi gerada o estilo típico dos desfiles de carnaval. Agora, os tambores e atabaques dividiriam espaço com pandeiros, surdos, tamborins e cuícas.



Nacionalização do Samba

Entre o final da década de 1920 e meados da década de 1940, o samba urbano carioca deixaria de ser considerado expressão local (como são tidos sambas em outras partes do país) para ser elevado, com auxílio do Estado, a um status de "símbolo nacional". Esse samba oriundo de uma região do Rio de Janeiro espalhava-se por outras áreas da cidade, não apenas com os sambas de carnaval, mas também com novas formas dentro do estilo moderno carioca, como o samba-canção e o samba-exaltação. Difundidos pelas ondas do rádio, estes estilos cariocas seriam conhecidos em outras partes do Brasil, que, com a influência do governo federal brasileiro (mais propriamente partir dos projetos político-ideológicos do Estado Novo de Getúlio Vargas), elevaria o samba local da cidade do Rio de Janeiro à condição de samba "nacional" — muito embora existam outras formas e práticas do samba no país.[nota 7][3] A aproximação do Estado brasileiro com a música popular deu-se também pela oficialização, em 1935, do desfile de carnaval pela Prefeitura do então Distrito Federal.


No período de consolidação do samba carioca como "samba nacional", surgiram uma nova safra de intérpretes, que obtiveram grande sucesso radiofônico, como Francisco Alves, Mário Reis, Orlando Silva, Silvio Caldas, Carmen Miranda, Aracy de Almeida, Dalva de Oliveira, entre outros, e despontaram muitos compositores oriundos da classe média, como Noel Rosa, Ary Barroso, Lamartine Babo, Braguinha (conhecido também como João de Barro) e Ataulfo Alves. E mais tarde, Assis Valente, de Ataulfo Alves, de Custódio Mesquita, de Dorival Caymmi, de Herivelto Martins, de Pedro Caetano, de Synval Silva, que conduziram esse samba para caminhos ao gosto da indústria musical.


A consolidação local do Samba tornou o gênero tipo exportação, aliás, muito bem recebido mundo afora, inclusive, por Hollywood, onde Carmem Miranda e Ary Barroso se consagraram.


Hoje, como se sabe, o samba deixou de ser patrimônio particular, sectarista e é uma festa brasileira, de misturas. Não pertence a uma raça, nem a uma religião, mas eleva todas as cores e crenças a um patamar mais sublime de integração racial, de solidariedade social e celebração de dons artísticos, culturais e, em suma, de vida!


Bom, é muita história para contar e muita coisa boa para ouvir e o centenário do Samba é um ótimo chamariz para fazermos uma viagem musical por dentro de uma faceta da História do nosso povo, nossa formação cultural e, claro, cantar, dançar e viver a riqueza de nossa terra.

Para terminar, fica o apelo final: Não deixe o samba acabar.



segunda-feira, 17 de outubro de 2016

"Elas se Tornaram Canção" — "Madalena", Martinha da Vila

Em mais um título da nossa série "Elas se tornaram Canção", trazemos um "sambão" daqueles, que consagra uma exaltação a um dos nomes mais populares no Brasil:


"MADALENA DO JUCU", um dos maiores sucessos do sambista Martinho da Vila, canta os encantos de uma certa morena, cuja formosura arrebatava a rapaziada da Barra do Jucu, balneário de Vila Velha, no Estado do Espírito Santo. Conta-se que, ao som do Congo (ritmo tradicional da região), não tinha para ninguém além de Madalena, o que fez com que um jovem rico contrariasse seus pais e se casasse com a morena. Aliás, a essa canção foi composta justamente a partir de uma carta-declaração do "sortudo", que viveu uma longa história de amor com a rainha da vila.

Como dissemos, Madalena é um dos nomes mais populares do Brasil, tanto que foi cantado por outras composições, por exemplo: "MADALENA" composta por Ivan Lins e Ronaldo Monteiro, interpretado por vários artistas, como o próprio Ivan Lins e Elis Regina; também é o grande refrão em "ROMANCE NO DESERTO" (versão de "ROMANCE IN DURANGO" de Bob Dylan) cantada por Fagner e mais tarde relançada por Amado Batista; esse nome também é lembrado por Sidney Magal em sua exótica "SANTA ROSA MADALENA"; tem ainda a dramática "MADALENA" de Gilberto Gil.

Por hora, então, vamos curtir um bom samba e exaltar a Madalena do Jucu!



"MADALENA DO JUCU"
Martinho da Vila

Madalena, Madalena
Você é meu bem querer
Eu vou falar pra todo mundo
Vou falar pra todo mundo
Que eu só quero é você
Eu vou falar pra todo mundo
Vou falar pra todo mundo
Que eu só quero é você

Minha mãe não quer que eu vá
Na casa do meu amor
Eu vou perguntar a ela
Eu vou perguntar a ela
Se ela nunca namorou
Eu vou perguntar a ela
Eu vou perguntar a ela
Se ela nunca namorou

Oh! Madalena

Refrão

O meu pai não quer que eu case
Mas me quer namorador
Eu vou perguntar a ele
Eu vou perguntar a ele
Porque ele se casou
Eu vou perguntar a ele
Eu vou perguntar a ele
Porque ele se casou
Madalena

Refrão

Eu fui lá pra Vila Velha
Direto do Grajaú
Só pra ver a Madalena
E ouvir tambor de congo
Lá na barra do Jucu
Só pra ver a Madalena
E ouvir tambor de congo
Lá na barra do Jucu
Oh! Madalena

Refrão



Origem e significado de Madalena

Madalena: Significa "a que vive na Torre de Deus", "habitante de Magdala".

Maria Madalena (ou, Maria de Magdala)
O nome Madalena chegou ao português através do grego Magdaléne, que significa "a que vem de Magdala" ou "a que habita em Magdala". Magdala era o nome de uma aldeia junto ao Mar da Galileia, que em hebraico significa "torre". Alguns estudiosos dizem estendem ao significado de "Torre de Deus", que também é aceitável.

O nome Madalena se tornou popular por influência de Maria Madalena, personagem bíblica mencionada no Novo Testamento e que recebeu este nome por ser chamar Maria e ser de Magdala. Chegou à Inglaterra como um nome cristão por voltar do século XII, tornando-se muito comum na Idade Média em razão da popularidade da santa Maria Madalena, principalmente através das variantes Madeline e Madeleine.

Madalena Teresa da Suécia


Além, é claro, da personagem bíblica, Maria Madalena, há muitas famosas xarás, inclusive na nobreza europeia, por exemplo, Madalena de Valois, rainha da França e rainha consorte da Escócia no século XVI; Madalena da Saxônia, princesa da Dinamarca; e Madalena Teresa, princesa da Suécia


Madalena Brandão


Em Portugal, esse é um nome igualmente muito comum, inclusive no meio artístico, por exemplo: Madalena Iglesias,uma das mais consagradas cantoras da velha guarda; Madalena Coelho, famosa pintora; Madalena Brandão, atriz.


domingo, 10 de julho de 2016

"Elas se Tornaram Canção" — "ALINE", Chrrstophe

Além de fazer parte da lista das 100 melhores músicas internacionais românticas de todos os tempos, o sucesso que trazemos neste post não poderia ficar de fora da nossa série "Elas se Tornaram Canção". Confira o porquê:



Ah, quantas "Alines" não surgiram mundo afora depois do lançamento dessa canção, hein? Muitas mesmos, especialmente se considerarmos que esse sucesso é de 1965, lançada pelo cantor francês Christophe.

Ele conta que essa música já constava em sua cabeça, faltando apenas um pequeno detalhe, o que ao mesmo tempo era a "chave de ouro" da obra: o nome da música. E onde ele foi encontrar essa alcunha? O musico revelou que, por ocasião de um tratamento dentário, pegou emprestado o nome da assistente da dentista. "Aline" desde pronto lhe pareceu agradável e muito harmônico com a dita composição.

Não se vê nessa letra uma espécie de delírio de adolescente? Sonho, praia, desenho na areia, grito de chamado... Hum, verdadeiros ingredientes para a copilação de um conto de fadas. Mas a verdade é que todo romântico é meio mítico em si mesmo e somente assim é capaz de trazer seus delírios à realidade em pequenos episódios — tipo Don Quixote de La Mancha.

Assim é a "Aline" de Christophe: um delírio implausível, mas capaz de ser fantasiado na vida real para quem sabe apreciar o mar. E através dessa bela melodia, mesmo com arranjos marcados, sem muita variação, podemos navegar nas ondas da paixão.


Ah, mas eu não posso deixar de mencionar a ótima versão em português gravada por Agnaldo Timóteo (veja aqui). Essa mesma versão, aliás, foi também brilhantemente interpretada pela dupla sertaneja João Mineiro & Marciano (confira aqui).

"ALINE"

J'avais dessiné sur le sable
Eu desenhei sobre a areia
Son doux visage qui me souriait
Seu suave rosto que me sorria
Puis il a plu sur cette plage
Depois choveu sobre essa praia
Dans cet orage, elle a disparu
Nessa tempestade, ela desapareceu
Et j'ai crié, crié
E eu gritei, gritei
Aline, pour quelle revienne
Aline, para que ela voltasse
Et j'ai pleuré, pleuré
Eu chorei, chorei
Oh! J'avais trop de peine.
 Oh! eu sentia muita dor
Je me suis assis auprès de son âme
Eu me sentei perto da sua alma
Mais la belle dame c'était enfuie
Mas a bela senhora fugiu
Je l'ai cherchée sans plus y croire
Eu a procurei sem mais acreditar
Et sans un espoir, pour me guider.
E sem esperança para me guiar
Et j'ai crié, crié,
Eu gritei, gritei,
Aline, pour qu'elle revienne.
Aline, para que ela voltasse
Et j'ai pleuré, pleuré,
Eu chorei, chorei,
Oh! J'avais trop de peine.
Oh! eu sentia muita dor
Je n'ai gardé que ce doux visage
Eu guardei apenas esse suave rosto
Comme une épave sur le sable mouillé
Como um naufrágio sobre a areia molhada
Et j'ai crié, crié
E eu gritei, gritei
Aline, pour quelle revienne
Aline, para que ela voltasse
Et j'ai pleuré, pleuré
Eu chorei, chorei
Oh! J'avais trop de peine.
 Oh! eu sentia muita dor

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Origem e significado do nome Aline

Aline quer dizer “serpente nobre”, “serpente da nobreza”, “pequena nobre”, “a reluzente, a resplandecente”. O nome surgiu a partir do latim Alina, Alyna, variantes de Adeline, um nome com duas possibilidades de origem. Adelina pode ter vindo do germânico Ethelyna, formado pela união dos termos athal, que significa “nobre” e lind que quer dizer “serpente”, e significa “serpente nobre, serpente da nobreza”. A serpente, neste caso, simboliza “força, energia, proteção”. Pode ter sido originado ainda como um diminutivo de Adélia, nome que surgiu no germânico Athala, derivado da raiz athal que significa “nobre”, portanto Adelina quer dizer também “pequena nobre”.

Aline Weber
Adelina foi introduzido na Inglaterra pelos normandos nas formas Adelin, Adelina e Edelin, que se tornaram muito comuns durante a Idade Média. No século XVIII foram encontrados registros com as variantes Athelinda, Ethelinda e Earthelinda. A forma Aline foi muito comum na Inglaterra nos séculos XII e XV.

Aline Towner
Os nomes iniciados com a raiz adal, athal, foram muito populares entre a nobreza franca, principalmente para enfatizar a descendência nobre para facilitar bons casamentos. á, ainda, uma vertente que relaciona Aline como uma variante do nome inglês  Eileen, que pode ser considerada a versão irlandesa de Helena, que significa “a reluzente, a resplandecente”, ou ainda pode ter surgido como uma variante de Aveline, o mesmo que Evelyn, que quer dizer “maçã ou avelã”.

Aline Barros
Muitas personalidades de destaque trazem esse nome. Brasileiras, podemos citar, por exemplo: Aline Weber, modelo brasileira; Aline Barroscantora evangélica. De outras nacionalidades, temos a atriz americana Aline Towne, as cantoras libanesas Aline Lahoud e Aline Khalaf, a piloto americana Aline Rhonie Hofheimer, a primeira piloto mulher da história da aviação, tendo inclusive combatido a II Guerra Mundial.

Aline Lahoud